Janta #5 TRANSarau + Queerdrilha

A Janta deste mês celebra a cultura tradicional brasileira, questionando as concepções de gênero tão enraizadas em nossas celebrações. O binarismo de gênero é facilmente identificável nas vestimentas (camisa e calça jeans para os homens, e vestidos e trancinhas para as mulheres) e até nas danças propostas (o casamento entre um casal heterossexual, comandado por um padre da religião católica). A Janta “TRANSarau Julino + Queerdrilha” quer mostrar que existem outros modos de vida e outras celebrações possíveis dentro de nossos ícones tradicionais.

O TRANSarau, que já está em sua 3º edição, é um evento organizado pelo Cursinho Popular Transformação para a divulgação do Cursinho e do trabalho des alunes, que acabou se consolidando como um espaço de representatividade da população LGBTQI+. É um espaço de livre manifestação para a realização de performances poéticas (ou não), dança, bateção de cabelo, microfone aberto e o que mais vier. Tudo pode (e deve) acontecer com muito lacre. Sem julgamento ou carão. Traga sua voz, seu brilho, seu talento ♥

A Queerdrilha é um ação proposta por Aretha Sadick em que as vestimentas e a dança são reestruturadas para dar vazão às diversas formas de manifestação de identidade. Aretha traz um elenco em que cada papel da nossa tradicional festa junina é questionado desde sua representação simbólica (o padre, a noiva, o noivo, o delegado, e por aí vai) até sua real função nas nossas celebrações (qual a função do delegado em manter a ordem? Que ordem se espera? Por que a ligação religiosa moral?).

A Janta é um projeto da plataforma Cidade Queer, uma parceria entre a residência Lanchonete.org e a fundação canadense Musagetes. Ela acontece mensalmente no Casarão do Belvedere, tendo como anfitrião o ator Paulo Goya. A entrada é gratuita.

 

Programação

14h às 15h30: AlmoJanta
16h às 20h: TRANSarau c/ microfone aberto, varal de poesias, perfomances e atrações lacradoras que vão deixar você no chão
20h30: Queerdrilha

Com comidas típicas de festa junina e bebidas a preços populares. As vendas foram revertidas para a manutenção das atividades do Cursinho.

Serviço

O quê: Janta #5 – TRANSarau julino + Queerdrilha
Tema: “O binarismo de gênero na cultura tradicional brasileira”
Local: Casarão do Belvedere (Rua Pedroso, 267 – Bela Vista)
Quando: 2 de julho, sábado
Horário: 14h.  — Grátis
Organização: Lanchonete e Cursinho Popular Transformação

Projeto CABINE – cineclube Aurora

O espaço .Aurora e o programa Cidade Queer têm o prazer de receber o projeto CABINE dos artistas Bruno Mendonça e Natalia Coutinho. Dias 30 de Junho, 7 e 14 de Julho, 20-23 hrs no Aurora e 21 de Julho, 19-23 hrs durante o Janta no Casarão do Belvedere.

Cineclube .Aurora + Cidade Queer

O espaço .Aurora e o programa Cidade Queer, desenvolvido por Lanchonete.org com o apoio de Musagetes, tem o prazer de receber o projeto CABINE dos artistas Bruno Mendonça e Natalia Coutinho.

O projeto CABINE surgiu de um intenso processo de interlocução nos últimos anos entre os artistas e para eles consiste em uma publicação espacializada através de materiais audiovisuais e impressos: uma espécie de zona discursiva e dialógica onde os artistas expandem esse processo e exibem parte do cruzamento de suas pesquisas.

A partir de processos de montagem e manipulação de materiais audiovisuais que fazem parte de suas pesquisas, os artistas criam um outro produto audiovisual a partir da apropriação de filmes e vídeos, inteiros ou não – no caso se utilizando de excertos, fragmentos e stills – criando uma espécie de hipertexto ou metanarrativa que vai se construindo a partir de ligações ora diretas, ora indiretas e muitas vezes subjetivas. É uma espécie de outra-escrita que surge a partir destas ligações. A temática queer é central neste trabalho, abordada em sua abrangência. Mais especificamente para esta edição do Cineclube adiciona-se à discussão entorno do termo queer sua relação com a cidade. Serão apresentadas ao público durante o mês de julho três vídeo-instalações juntamente com mobiliários contendo os materiais impressos, e uma performance final. Nos dias 30 de Junho, 7 e 14 de Julho o projeto acontece no .Aurora, e a performance final se dará dia 21 de Julho, como parte do encontro mensal do Cidade Queer, nomeado Janta, no Casarão do Belvedere.

SERVIÇO:

Cineclube Cabine + Cidade Queer

30 de Junho, 7 e 14 de Julho, 20-23 hrs

Local: .Aurora

Rua Aurora, 858, República, São Paulo

Cineclube .Aurora no Janta

21 de Julho, 19-23 hrs

Local: Casarão do Belvedere

Rua Pedroso 267/283 e Martiniano de Carvalho 439, São Paulo

Laboratório gráfico queer — encontro 4

IMG_6035No quarto encontro levantamos a questão da normatividade nas publicações. Para além do problema das fronteiras das línguas e traduções, é possível superar a dicotomia forma X conteúdo? Projeto X processo? Como desnormatizar as operações e decisões editoriais e de design gráfico? Como desviar dos estabelecidos cânones? Cada integrante levou exemplos de publicações que de alguma forma abordam as margens e interceções entre conteúdo e forma. Pensar a estrutura de um livro em projeto editorial é tratar da forma do projeto. A forma não é apenas vinculada ao design mas também a escolhas e decisões editoriais. O design por vezes traz um excesso que confunde ao invés de ressaltar e trabalhar no mesmo sentido do conteúdo. No caso de uma publicação que questione os cânones tanto das normas da língua, quanto editoriais e de desenho gráfico, como orquestrar o projeto para além dessa dicotomia forma X conteúdo? É possível superar essa forma binária de entendimento de um projeto?

Além dessas questões, o problema da normatividade na cidade foi  levantado por Thiago Carrapatoso, que propôs levar a problemática discutida no grupo sobre língua para a vivência na cidade para pensarmos dentro do projeto Cidade Queer. Como repensar a sinalização das placas de ruas ou uso do espaço público? Propor uma nova sinalização para enfatizar o uso público por exemplo é cuirificar um pouco a cidade.

 

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Laboratório gráfico queer — encontro 3

No terceiro encontro o incômodo com a tradução ou não-tradução do termo queer acabou sendo amenizado com a solução de palavras análogas que podem percorrer um texto. Para substituição da palavra “queer” pelas análogas/sinônimos, Thiago Hersan, o garoto de programação do grupo, desenvolveu um plugin para o browser Google Chrome onde é possível inserir palavras quaisquer no box de opções e em seguida automaticamente as palavras “queer” que aparecerem nas páginas do browser serão substituídas pelas novas escolhas de palavras vizinhas ou análogas. A extensão sorteia uma palavra diferente toda vez que o browser encontra a palavra “queer”. Para ver e modificar a lista de palavras é só clicar em “options”, clicando no ícone que fica no canto superior direito (ver foto).

Para instalar é só clicar no link: https://chrome.google.com/webstore/detail/laborat%C3%B3rio-gr%C3%A1fico-cidad/dfajjdldolemeglihppihihacdhhcmgj.

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Outro exercício realizado foi em relação a questão do gênero em nossa língua. Fabio Morais partiu da tradução do primeiro parágrafo do Manifesto do Ciborgue da Donna Haraway para colocar o texto apenas no masculino e outra versão apenas no feminino, lado a lado. Seria possível uma versão neutra?
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IMG_5916A solução de uma nova vogal para a escrita cuír latina está sendo estudada por Laura Daviña que desenhou alguns tipos e criou possibilidades de substituição na tipografia Times. Cuirificando a fonte para criar a Cuir Roman Times. A proposta do laboratório acabou tomando um caminho de reforma da língua e não a estética. O gráfico tentará dar conta da representação/tradução do não-normativo.

 

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Laboratório gráfico queer — encontro 2

Screen Shot 2016-06-05 at 7.19.03 PMO segundo encontro se inicia com a retomada da questão da tradução do termo queer e o problema das línguas latinas referente ao gênero.

Abordar queer para além da questão de gênero e sexualidade é trazer de volta suas raízes etimológicas/históricas? Tudo o que não se encontra em definitivo, categorizado, catalogado, é queer? O artista-ornitorrinco. O ciborgue, awkward, unheimlich (o estranho familiar, inquietante, ameaçador). Mais interessante talvez do que a tradução do termo seria fazer uma lista de palavras análogas para dar conta de queer enquanto conceito que queremos abordar no Laboratório e no projeto Cidade Queer.

“Podemos reunir todas aquelas propriedades de pessoas, coisas, impressões sensórias, experiências e situações que despertam em nós o sentimento de estranheza, e inferir, então, a natureza desconhecida do estranho a partir de tudo o que esses exemplos têm em comum”

LGQ4

 

palavras análogas

estranho, divergente, disruptor, imigrante, diferente, invertido, esquisito, perturbador, irreconhecível, menor, cuír, ativista, libertino, marginal, apartado, inoportuno, torto, desavergonhado, alheio, meliante, degenerado, inquietante, impertinente, anormal, esquivo, excêntrico, ermo, singular, assaltante, desviante, imigrante, diferente, invertido, esquisito, irreconhecível, anômalo, anormal, atípico, bizarro, defeituoso, deformado, desviado, duvidoso, errado, esdrúxulo, estapafúrdio, estrangeiro, estropiado, excêntrico, excepcional, exótico, extraordinário, extravagante, grosseiro, imperfeito, inabitual, incomum, indecente, infrequente, intruso, irregular, mal-acabado, oblíquo, refugiado, sem-vergonha, tosco, traiçoeiro, transviado, vagabundo

 

A língua produz um mundo. A linguagem, a língua falada, se transforma o tempo todo para dar conta das transformações sociais, bem como tais transformações afetam nossa língua. Pajubá foi um exemplo levantado, durante o encontro, de linguagem que foi se transformando e se imbricando em diferentes meios sociais, uma língua de resistência que atravessou algumas fronteiras que agora “está na novela”.

A linguagem escrita por sua vez é dura e estática, não dá conta da transitoriedade, de não definições. Ao tentarmos a solução do uso do X no lugar do artigo onde existe a flexão de gênero das línguas latinas acabamos imponto uma não fala, uma espécie de bloqueio vocal. A consoante não permite fala e o que transforma a linguagem é a fala em exercício. E se substituirmos por uma outra vogal?